já não opto mais.
não opto nem opíto.
nem errar me deixo mais.
agora eu pertenço ao silêncio que só é rompido por um assobio.
disfarçado. displicente. um assobio falso
que não clama, nem chama, nem anima.
é um desabafo contido, envergonhado.
da impossibilidade.
assobio porque não sei cantar
assobio bem devagar esvaziando devargarzinho
um ar comprimido, triste, diferente dos outros
por entre os dentes ele se torna, mas dessa vez
parte do coração.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
quinta-feira, 12 de julho de 2007
quarta-feira, 11 de julho de 2007
vou escrever uma poesia
xiiiii, não conta pra ninguém.
não quero que ninguém leia o que eu vou escrever, hein
e não quero que saibam que eu gosto dela
xiiiii, não posso dizer o nome, nem a cor do seus olhos,
jamais falarei da sua pele, do seu sorriso e do cheiro que eu sinto quando eu me aproximo do seu pescoço.
xiiiii, já não conto pra mim mesmo.
vou deixar bem debaixo do tapete, bem debaixo mesmo.
até eu esquecer dela. e pensar em qualquer outra por bons momentos.
e quando aquele pensamento, safado e esperto, que escapa do fundo e aparece
que nem uma lagartixa saindo do armário, e daí eu lembro que eu ainda penso nela,
aí sim vou sentar e escrever uma poesia, que fale dos seus olhos, da sua pele,
do seu sorriso e do cheiro que eu sinto quando me aproximo do seu pescoço.
xiiiii, por enquanto é segredo.
xiiiii, não conta pra ninguém.
não quero que ninguém leia o que eu vou escrever, hein
e não quero que saibam que eu gosto dela
xiiiii, não posso dizer o nome, nem a cor do seus olhos,
jamais falarei da sua pele, do seu sorriso e do cheiro que eu sinto quando eu me aproximo do seu pescoço.
xiiiii, já não conto pra mim mesmo.
vou deixar bem debaixo do tapete, bem debaixo mesmo.
até eu esquecer dela. e pensar em qualquer outra por bons momentos.
e quando aquele pensamento, safado e esperto, que escapa do fundo e aparece
que nem uma lagartixa saindo do armário, e daí eu lembro que eu ainda penso nela,
aí sim vou sentar e escrever uma poesia, que fale dos seus olhos, da sua pele,
do seu sorriso e do cheiro que eu sinto quando me aproximo do seu pescoço.
xiiiii, por enquanto é segredo.
terça-feira, 10 de julho de 2007
jogar tênis nos fios
pode causar curtos circuitos
nos fios de cabelo
daqueles filhos que não têm mãe
pode causar curtos circuitos
nas sinapses
nos neurônios
e deixar
as mães
neuróticas
e por essa ótica
eu não enxergo
nada à minha volta
e quando volto
jogo meu tênis
no meio da sala
esqueço minha alma
pela escada
e repouso-me
sobre os fios de cabelo
que escondem
os curtos circuitos
que aparecem no caminho
daqueles meninos descalços
pode causar curtos circuitos
nos fios de cabelo
daqueles filhos que não têm mãe
pode causar curtos circuitos
nas sinapses
nos neurônios
e deixar
as mães
neuróticas
e por essa ótica
eu não enxergo
nada à minha volta
e quando volto
jogo meu tênis
no meio da sala
esqueço minha alma
pela escada
e repouso-me
sobre os fios de cabelo
que escondem
os curtos circuitos
que aparecem no caminho
daqueles meninos descalços
sexta-feira, 18 de maio de 2007
Seu Migué costumava acordar cedinho
Fumar um cachimbinho
E tomar o seu café
Seu José
Lavorava de noite
Sempre com seu acoite
Preso na cintura
Pra quando aparecer qualquer criatura,
Ele poder açoitar
Dona Felisbina
Com muitas rugas no rosto
E alma de menina
Preparava o angu, cará e mungunzá
Pro Seu Migué poder almoçar
Vejam só que mocidade
Encontramos na alma de velhinhos dessa idade
Falam a filosofia da terra
A filosofia da guerra
Da luta de todo santo dia
Rezam a reza dos céus
A reza de Deus
Que às vezes penso que os esqueceu
Mas de dentro dos sulcos das suas rugas
Brotam a fé mais pura
E dos sulcos arados na terra
Brotam a esperança pura
De que um dia, se Deus quiser,
Germinará o amor e toda sua doçura
E que esqueçamos de toda essa loucura
Vivida pelos que não têm rugas na pele
Mas que têm sulcos profundos na alma
Fumar um cachimbinho
E tomar o seu café
Seu José
Lavorava de noite
Sempre com seu acoite
Preso na cintura
Pra quando aparecer qualquer criatura,
Ele poder açoitar
Dona Felisbina
Com muitas rugas no rosto
E alma de menina
Preparava o angu, cará e mungunzá
Pro Seu Migué poder almoçar
Vejam só que mocidade
Encontramos na alma de velhinhos dessa idade
Falam a filosofia da terra
A filosofia da guerra
Da luta de todo santo dia
Rezam a reza dos céus
A reza de Deus
Que às vezes penso que os esqueceu
Mas de dentro dos sulcos das suas rugas
Brotam a fé mais pura
E dos sulcos arados na terra
Brotam a esperança pura
De que um dia, se Deus quiser,
Germinará o amor e toda sua doçura
E que esqueçamos de toda essa loucura
Vivida pelos que não têm rugas na pele
Mas que têm sulcos profundos na alma
terça-feira, 1 de maio de 2007
Por esses dias, avistei um chato de galochas
Sem eira nem beira
Que fazia tudo nas coxas
Lá onde o Judas perdeu as botas
Que não eram galochas como as do chato
Depois de gastar toda sola
E de andar lá pras bandas de onde o vento faz a curva
Ofereceu-me, como assim de presente,
Aquele calçado, usado, surrado
Com aquela catingueira de queijo
Eu agradeci meio acanhado
Porque como se diz
Cavalo dado não se olha o dente
Sem eira nem beira
Que fazia tudo nas coxas
Lá onde o Judas perdeu as botas
Que não eram galochas como as do chato
Depois de gastar toda sola
E de andar lá pras bandas de onde o vento faz a curva
Ofereceu-me, como assim de presente,
Aquele calçado, usado, surrado
Com aquela catingueira de queijo
Eu agradeci meio acanhado
Porque como se diz
Cavalo dado não se olha o dente
sábado, 28 de abril de 2007
terça-feira, 24 de abril de 2007
segunda-feira, 23 de abril de 2007
tentei fazer uma poesia
desejos, intentos, desígnios
já são vinte e dois
e vou tentando
até agora nem chico
torquato ou pessoa
tentando como quem vive à toa
na estante, livros, vinis e uma esperança
no coração, uma sensação e uma criança
não obstante, bateria e alto-falante
só pra mim, no meu quarto, meu momento
num sonho, num sopro, de uma vez
se eu ainda não sei, ainda tento
desejos, intentos, desígnios
já são vinte e dois
e vou tentando
até agora nem chico
torquato ou pessoa
tentando como quem vive à toa
na estante, livros, vinis e uma esperança
no coração, uma sensação e uma criança
não obstante, bateria e alto-falante
só pra mim, no meu quarto, meu momento
num sonho, num sopro, de uma vez
se eu ainda não sei, ainda tento
não dá.
quando não consigo dormir
chega a cansar ficar deitado na cama.
me consome o fato de algo me consumir
pra não me deixar dormir.
daí eu levanto, bebo água, abro a geladeira
pego dois ovos e cozinho-os.
como pão, azeite e sal e penso muito
na vida. penso bem, na tranquilidade
assustadora de barulhinhos na madrugada.
quando não consigo dormir
chega a cansar ficar deitado na cama.
me consome o fato de algo me consumir
pra não me deixar dormir.
daí eu levanto, bebo água, abro a geladeira
pego dois ovos e cozinho-os.
como pão, azeite e sal e penso muito
na vida. penso bem, na tranquilidade
assustadora de barulhinhos na madrugada.
daqui ninguém leva nada
tá tudo estragado, cinza, sujo
é todo armado concreto
é tudo concreto, duro, incompleto
não há espaço pra sonho
devaneios escassos
ninguém parece comigo
neste vagão apertado
ninguém veio do mesmo lugar
eles são feios e estão cansados
alguns se salvam; outros são barulhentos
alguns empurram, roubam
ignoram e passam. apressado.
o que me prende nesse amálgama inóspito?
que desquite socializado. daí lembro
da rua, do futebol, dos amigos
das garotas, e perto da sombra de
um prédio, ainda bate um sol, que dora
minha face, e sinto que são paulo
é dura, mas nenhum amor é fácil.
tá tudo estragado, cinza, sujo
é todo armado concreto
é tudo concreto, duro, incompleto
não há espaço pra sonho
devaneios escassos
ninguém parece comigo
neste vagão apertado
ninguém veio do mesmo lugar
eles são feios e estão cansados
alguns se salvam; outros são barulhentos
alguns empurram, roubam
ignoram e passam. apressado.
o que me prende nesse amálgama inóspito?
que desquite socializado. daí lembro
da rua, do futebol, dos amigos
das garotas, e perto da sombra de
um prédio, ainda bate um sol, que dora
minha face, e sinto que são paulo
é dura, mas nenhum amor é fácil.
dois patinhos na lagoa
dois patinhos na lagoa
quem diria
sou mais velho do que penso
mais intransigente do que posso
se dizem que só durmo e coço
é um troço que eu já trago lá de dentro
se são dois patinhos na lagoa
se viver é o desfrute do à toa
se o tentar é o que vale, e eu tento,
não espero chegar no setenta
se a vida não continuar a ser boa.
quem diria
sou mais velho do que penso
mais intransigente do que posso
se dizem que só durmo e coço
é um troço que eu já trago lá de dentro
se são dois patinhos na lagoa
se viver é o desfrute do à toa
se o tentar é o que vale, e eu tento,
não espero chegar no setenta
se a vida não continuar a ser boa.
quarta-feira, 18 de abril de 2007
terça-feira, 17 de abril de 2007
Nair Bello morire...
porca miséria!
catzo!
porco dio!
madonna!
puta madre!
porca putana!
fanculo!
dio cristo!
ma che cosa io fare?
catzo!
porco dio!
madonna!
puta madre!
porca putana!
fanculo!
dio cristo!
ma che cosa io fare?
domingo, 15 de abril de 2007
Indo pru céu
Indo pro céu
vou eu
depois de muito
lambuzar no seu mel
Indo pro céu
Eu fui
e estou
e fiquei
Depois de muito voar
descansei
me calei
não briguei
só brinquei
me lambuzei
no seu mel
doce que
deixa
amarga minha boca
que deixa longe
minha roupa
Depois de muito voar
encostei aqui
pra repousar
pra resumir
pra resurgir
e me esbaldar
vou eu
depois de muito
lambuzar no seu mel
Indo pro céu
Eu fui
e estou
e fiquei
Depois de muito voar
descansei
me calei
não briguei
só brinquei
me lambuzei
no seu mel
doce que
deixa
amarga minha boca
que deixa longe
minha roupa
Depois de muito voar
encostei aqui
pra repousar
pra resumir
pra resurgir
e me esbaldar
sábado, 14 de abril de 2007
in dubio pro reu
quando há única opção
já não tem mais opção
sem dúvida
se é única
é cínica
nem sendo cênica
há opção sentida
se há única opção
não há jeito-maneira
não há solução, não tem problema
nem se sabe não cabe não
in dubio pro reu
em dúvida apenas
na certeza, condene
e perpetue que não há
o que não tem, não existe
não insiste
apenas
a continuação
apenas há continuação
já não tem mais opção
sem dúvida
se é única
é cínica
nem sendo cênica
há opção sentida
se há única opção
não há jeito-maneira
não há solução, não tem problema
nem se sabe não cabe não
in dubio pro reu
em dúvida apenas
na certeza, condene
e perpetue que não há
o que não tem, não existe
não insiste
apenas
a continuação
apenas há continuação
sexta-feira, 13 de abril de 2007
farinha de milho eu sou
farinha do mesmo saco
se farinha eu sou
sou diferente de tabaco
pode cheirar
pode cumer
e se lambuzá
farinha pra encher a barriga
farinha de milho e canjica
emília de milho, canjica e fubá
fubá de milho cum ervilha
cê num encontra em qualquer lugá
mas, mesmo assim,
moço abuzado
eu exijo me respeitá
quero que raspe o prato
e num deixe nada sobrá
farinha do mesmo saco
se farinha eu sou
sou diferente de tabaco
pode cheirar
pode cumer
e se lambuzá
farinha pra encher a barriga
farinha de milho e canjica
emília de milho, canjica e fubá
fubá de milho cum ervilha
cê num encontra em qualquer lugá
mas, mesmo assim,
moço abuzado
eu exijo me respeitá
quero que raspe o prato
e num deixe nada sobrá
Anjo Rafael
Com passo tão apressado
Que passou e ninguém viu
Nem parou pra pensar
Só sumiu
Fala Fala Fala Rafilas
Sapeca
Sapeca
Sapeca de novo
Sapecou tanto e fugiu
Estava lá
E sumiu
Num passo bem ansioso
Consumiu
Compasso descompassado
Com passo bem agitado
Virou anjo e subiu
No céu da liberdade
Com muita preguiça e vontade
Tirou de Deus tudo o que conseguiu
Virou seu aliado
Melhor amigo e fiel
Deixou Deus destronado
E depois de tudo isso,
Sentou no trono e dormiu.
Que passou e ninguém viu
Nem parou pra pensar
Só sumiu
Fala Fala Fala Rafilas
Sapeca
Sapeca
Sapeca de novo
Sapecou tanto e fugiu
Estava lá
E sumiu
Num passo bem ansioso
Consumiu
Compasso descompassado
Com passo bem agitado
Virou anjo e subiu
No céu da liberdade
Com muita preguiça e vontade
Tirou de Deus tudo o que conseguiu
Virou seu aliado
Melhor amigo e fiel
Deixou Deus destronado
E depois de tudo isso,
Sentou no trono e dormiu.
quinta-feira, 12 de abril de 2007
farinha de emília
emília me disse:
sem muito pé e só um pouco de cabeça
só um pouco de cabeça, disse emília
farinha de milho, emília, é fubá
farinha de milho, emília, é fubá
polvilho de milho não faz pão-de-queijo
não faz pão de-ló, nem de ia-iá
polvilho tem cheiro mineiro de queijo
de leite, de angu e de mar
de mar?
não tem mar em minas
só foi pra rimar
emília me explica
com pé sem cabeça
compasso acertado
com passo apressado
posso parar pra pensar?
farinha de trigo pra pão de ia-iá
farinha de milho, emília, é fubá
sem muito pé e só um pouco de cabeça
só um pouco de cabeça, disse emília
farinha de milho, emília, é fubá
farinha de milho, emília, é fubá
polvilho de milho não faz pão-de-queijo
não faz pão de-ló, nem de ia-iá
polvilho tem cheiro mineiro de queijo
de leite, de angu e de mar
de mar?
não tem mar em minas
só foi pra rimar
emília me explica
com pé sem cabeça
compasso acertado
com passo apressado
posso parar pra pensar?
farinha de trigo pra pão de ia-iá
farinha de milho, emília, é fubá
se quando rima alforria
se põe pra fora, é bom a beça;
se fica dentro, dói de um jeito
minha cabeça
até se presto, não manisfesto
se até eu jogo, não sei se eu tento
se põe pra fora, se esculacha
daí eu acho, até combina
se ela vê, se ela gosta
quem sabe. ela ria
se põe pra fora, é bom a beça;
se quando rima alforria
se põe pra fora, é bom a beça;
se fica dentro, dói de um jeito
minha cabeça
até se presto, não manisfesto
se até eu jogo, não sei se eu tento
se põe pra fora, se esculacha
daí eu acho, até combina
se ela vê, se ela gosta
quem sabe. ela ria
se põe pra fora, é bom a beça;
se quando rima alforria
Assinar:
Postagens (Atom)