Seu Migué costumava acordar cedinho
Fumar um cachimbinho
E tomar o seu café
Seu José
Lavorava de noite
Sempre com seu acoite
Preso na cintura
Pra quando aparecer qualquer criatura,
Ele poder açoitar
Dona Felisbina
Com muitas rugas no rosto
E alma de menina
Preparava o angu, cará e mungunzá
Pro Seu Migué poder almoçar
Vejam só que mocidade
Encontramos na alma de velhinhos dessa idade
Falam a filosofia da terra
A filosofia da guerra
Da luta de todo santo dia
Rezam a reza dos céus
A reza de Deus
Que às vezes penso que os esqueceu
Mas de dentro dos sulcos das suas rugas
Brotam a fé mais pura
E dos sulcos arados na terra
Brotam a esperança pura
De que um dia, se Deus quiser,
Germinará o amor e toda sua doçura
E que esqueçamos de toda essa loucura
Vivida pelos que não têm rugas na pele
Mas que têm sulcos profundos na alma
sexta-feira, 18 de maio de 2007
terça-feira, 1 de maio de 2007
Por esses dias, avistei um chato de galochas
Sem eira nem beira
Que fazia tudo nas coxas
Lá onde o Judas perdeu as botas
Que não eram galochas como as do chato
Depois de gastar toda sola
E de andar lá pras bandas de onde o vento faz a curva
Ofereceu-me, como assim de presente,
Aquele calçado, usado, surrado
Com aquela catingueira de queijo
Eu agradeci meio acanhado
Porque como se diz
Cavalo dado não se olha o dente
Sem eira nem beira
Que fazia tudo nas coxas
Lá onde o Judas perdeu as botas
Que não eram galochas como as do chato
Depois de gastar toda sola
E de andar lá pras bandas de onde o vento faz a curva
Ofereceu-me, como assim de presente,
Aquele calçado, usado, surrado
Com aquela catingueira de queijo
Eu agradeci meio acanhado
Porque como se diz
Cavalo dado não se olha o dente
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