sexta-feira, 18 de maio de 2007

Seu Migué costumava acordar cedinho
Fumar um cachimbinho
E tomar o seu café

Seu José
Lavorava de noite
Sempre com seu acoite
Preso na cintura
Pra quando aparecer qualquer criatura,
Ele poder açoitar

Dona Felisbina
Com muitas rugas no rosto
E alma de menina
Preparava o angu, cará e mungunzá
Pro Seu Migué poder almoçar

Vejam só que mocidade
Encontramos na alma de velhinhos dessa idade

Falam a filosofia da terra
A filosofia da guerra
Da luta de todo santo dia

Rezam a reza dos céus
A reza de Deus
Que às vezes penso que os esqueceu

Mas de dentro dos sulcos das suas rugas
Brotam a fé mais pura

E dos sulcos arados na terra
Brotam a esperança pura
De que um dia, se Deus quiser,
Germinará o amor e toda sua doçura

E que esqueçamos de toda essa loucura
Vivida pelos que não têm rugas na pele
Mas que têm sulcos profundos na alma

Um comentário:

Rafael disse...

caraca Emília...
tá na hora de fazer um sarau.
põe essa na lista.